Sobre as maravilhas


Ele era o meu coelho atrasado. Sempre correndo com o relógio nas mãos. 
Eu era a Alice que seguia o coelho. Claro que seguiria, curiosa!
Tantos e tantos buracos se enfiando pra se achar. E eu, complacente, esticando e encolhendo pra caber. Torcendo para não ter a cabeça cortada. 
E se tivesse, depois daquele dia, tanto faz. 
Pude tocá-lo. Cheguei perto, tão perto. 
Acariciei a maciez, beijei-lhe como quem beija o infinito. 
Num segundo, relógio. 
Meu chá das cinco sem sentido, minha estrada tão certa quanto o destino de uma planta. 
Até que ele, meu coelho branco, correu o caminho de volta. 
País das maravilhas.