Sétimo andar

Das coisas que mais movimentam a vida, uma delas é o medo. 

Dele, faz-se grandes feitos, desejos e mudanças e, por que não, o impossível. 

Fiz, assim, minha liberdade. E dela, o que veio depois de mim. O que ficou, que restou, ou, o que, de fato, valeu a pena. Porque tudo que vale a pena, por assim dizer, é livre. 

Com os pés inquietos e a boca seca, um tanto enjoada, ouso confirmar que ainda penso o mesmo de tantos anos atrás, mas sei que não. Esses anos no meio foram capazes de tanto que a menina sozinha não só envelheceu no espelho, muito embora ainda posso fechar os olhos e sentir cada fase ecoar na minha cabeça como se pudesse voltar no tempo com a mesma rapidez de uma andorinha que hoje sobrevoa o sétimo andar. Por segundos, ela é tudo que tenho e eu só consigo olhar seu rasante sem pressa em um vento invisível. Ela livre, eu presa em mim. 

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