Quando frutifica

Existe uma solidão bonita até, pouco falada. Que esculpe os dias em pensamentos e, deles, funde o eu consistente que tenho hoje. Contudo, não é sempre que o enxergo, claro, mas quando estou disposto, claramente este eu aparece. 

Não a descrevo como falta de algo, mas como conhecimento de uma parte importante de quem sou. Um traço, por assim dizer, porque desde muito pequeno a percebo em mim. 

Não é preciso não ter pessoas para sentir-se sozinho, nem tampouco estar distante de si mesmo. Acredito nela como algo peculiar e, portanto, não mais a espanto ou tento consertar. Ao contrário. Dela, espremo tudo que posso e ela frutifica.

Sozinha, a solidão se mostra sempre uma boa companhia.