Gabi das artes

Gabi acordou com preguiça naquele dia. Vestiu uma blusa por cima do pijama e foi pra escola. Não porque gostava daqueles pirralhos, mas porque tinha que estudar, fazer o quê.
Fez cara de quem prestava atenção e andou vagarosa pela rua até chegar no trabalho. Deixou a mochila, pegou o notebook, cumprimentou o chefe - não estava pra papo.
Geniosa, Gabi não falava quando não queria, não ouvia quando não queria, não respirava sem querer. Mas ela queria, e muito, conhecer a Demi Lovato. 
Se fazia de forte, por vezes o era, mas se derretia com os pinguins da internet. 
Estilosa, era parte de uma geração em que não se podia errar e por isso cobrava tanto de si mesma. Adolescente, era mais madura que muita mulher, mais sonhadora que qualquer negação. 
Não gostava de beijos, mas dava o rosto, vindo para completar o time quando o jogo já estava na prorrogação.
Gabi era parte de um espelho, pedaço de uma história já conhecida, mas com um final repleto de interrogações. Atrás das lentes de seus novos óculos, a menina saboreava suas descobertas com ar altivo de quem sabia escolher. Fique forte, Gabi!