A criação do mundo (meu mundo)

Tenho horror à covardia.

E por assumir a coragem, deixo-me sentir - e por sentir talvez já não pense mais.

E não veja, porque quem sente por vezes também não enxerga.

Dias brancos não vão me conformar.

Com as mãos calejadas de um trabalho imaginário, cobri- me de vitórias vãs, mas, quem vence aos outros nem sempre consegue vencer a si mesmo.

Tive fé.

"Até hoje, ela volta a ler as páginas preferidas do diário que escreveu à mão. E sorri".

Se meu diário descobrisse alguma forma mais ingênua de apurar os acontecimentos, talvez dissesse que valeu a pena a catarse de me ver assim, tão equilibrada no caos, e imersa na felicidade singela que poucos conhecem, mas que muitos fingem ter.

Ele talvez fosse com isso mais independente, escrevendo a cada dia, passagens escolhidas a dedo. Mas ele esperou.

Esperou que eu as fizesse. E as fiz.

Depois, parei para observá-las, como Deus após criar o mundo, pois cada um é seu próprio Deus, fazendo sua história entre o bem e o mal, entre a força e a descrença.

E descansei merecidamente, após dias de muito sacrifício.

Desta vez estava em casa e me sentia à vontade com meus ideais, permanecendo em meus poros a longa e mágica sensação de que desta vez, tinha feito a escolha certa.