Quando se diz adeus


São Paulo, 04 de outubro de 2009.


Maurício,


Agora vejo tudo jogado ao chão, e me pergunto quando foi que a peça começou a se quebrar.
Já não temia mais o sufoco e a disposição em te acompanhar era maior que a perda da liberdade. Me entorpecia com suas palavras de "vai valer a pena" e me sentia em casa quando me despia de mim mesma em seus braços sempre tão seguros.
Só que segurança não garante eternidade, não garante confiança, e talvez seja aí, nesse terreno baldio e estranho, que começamos a nos perder.
Você me via tão frágil, tão despreparada, que não aguentou.
Entendo seus medos, mas ainda sinto a agressão.
Ah, como eu quis que tudo fosse diferente. Quis navegar entre os céus do teu corpo na ânsia de chegar ao topo de sua alma, posto que me embriagava dela toda vez que te sentia em mim.
E hoje estou aqui, frente ao que restou.
Você tentou, não conseguiu. O tiro que saiu de suas mãos atingiu a você mesmo, mas levou meus sonhos.
Escrevo para que possa seguir em frente. Uma carta de despedida que me faça reviver.
Não vai ser fácil; olho pras paredes e o que sinto, já não sei mais.
Nada faz sentido.
O rádio toca sempre a mesma música, e ela me faz lembrar você.
Não julgue minha decisão, nem tampouco pense que foi em vão. Saberei guardá-lo como uma doce lembrança.
Mas se o deixo aqui, neste chão, é para que me sinta em paz quando olhar pro lado e não te ter segurando a minha mão.
Com amor,
Laura.
"Adeus você
Eu hoje vou pro lado de lá
Eu tô levando tudo de mim
que é pra não ter razão pra chorar
Levanta e te sustenta e não pensa que eu fui
por não te amar"



*Texto sugerido por Giovanni (http://giovannigranada.blogspot.com).