Quase oito horas de estrada. Cheguei com vontade de ir embora. Por cansaço, por não saber como seria.
A grama estava alta e uma chuva fina deixava o cheiro da terra ainda mais forte. Um sabiá cantava perto.
A casa era a mesma. Mesmas paredes, mesmas plantas.
As janelas entreabertas, o piso de cera vermelha.
Tirei as malas do carro e sentei no chão.
Por horas, observei o silêncio, sem que nada atrapalhasse minha ausência de pensamentos.
Nem as lembranças.
...
Estar naquele chão fez com que o tempo passasse tão depressa sem, ao menos, ser percebido.
O dia deu espaço para a escuridão. A do céu e a de dentro de mim.
Adentrar seu próprio universo pode ser mais perigoso que revisitar o passado. Quando ambos acontecem juntos, é destrutível.