Era a mesma sensação de trocar a roupa de cama. De deslizar os pés no lençol macio e limpo, e de sentir, ao amanhecer, o calor do sol esquentando o colchão e a pele.
Todavia, nos últimos meses, experimentava outro sentimento. Esquisito, desconhecido. Não ruim, mas que tampouco me animava. Uma espécie de pausa, espera, que não se sabe de que, nem pra que. Não o começo, nem o fim. O meio.
Sentia como um nó, um entremeio, entresafra. Necessário, mas custoso. E inegociável.
Sem ter argumentos ou energia, decidi não discutir com o tempo ou com quem quer que seja que cuide das páginas ainda não escritas do futuro.
Nesta sexta-feira à noite, coloquei o filho para dormir, sentei no sofá e enchi minha taça de vinho. Mais um filme.