Todos os dias, olho pela janela em busca de algo familiar. Algo que a atualidade tem, pouco a pouco, me tirado. Simplicidade.
Não é só vento no rosto de quem observa a noite do alto do sétimo andar. Não é só o cheiro de laranja das fábricas de suco da cidade, nem tampouco o de terra molhada, que chega alertando o início da chuva.
É a casa com a velhinha no sofá, que lembra a avó materna. É a mesa do quintal que parece café na casa da mãe. São as vidas lá de baixo, que recordam o que fui e me trazem de volta pra mim quando o caminho insiste em me levar para longe.
São esses fragmentos de passado que fincam nossos pés no chão, relembram de onde viemos, para que não nos esqueçamos disso por onde o futuro nos levar.