Clarice nunca chegou a virar verdade. Ficou no campo dos sonhos.
Mesmo campo das viagens que nunca fizemos, da casa que nunca compramos, do cachorro que nunca tivemos.
Clarice foi a filha que nunca existiu, a junção que não se sabe como seria.
Mais um entre tantos nomes cotados. Sonhos - poeira de estrelas.
Mas, Clarice, lá de cima, esperava sim a hora de nascer. Vez ou outra torcia e lamentava as brigas. Animava-se ou desanimava, sempre à espera.
Há uma verdade na esperança do imaginário. Que pode até não existir no fato, mas coexiste dentro da gente.
Clarice dormiu. Sabe-se lá se um dia acordará.