Existem muitas formas de envelhecer. Tornar-se repleto de rugas, esbranquiçar o cabelo.
Outras, no entanto, ainda que não sejam visíveis, envelhecem mais que o corpo.
Como uma flor apanhada do pé, que ao final do dia, já murcha, não se recupera.
A falta dos sonhos, ou, a falta de acreditar neles. Sonhos reais, genuínos, feitos quando criança enquanto olhávamos a lua pela janela do carro na estrada. Não os sonhos adquiridos com o tempo, já adultos.
A idade endurece a gente, endurece nossos sonhos. Traz casa, carro, viagem, joia, no lugar.
Sonho que é sonho é feito na infância. Na ânsia de ser aquilo que ainda não se sabe se será.
Depois, esquece. Sonhamos com o possível de comprar.
O sonho se vai. O tempo também.
O jeito é ostentar o que se tem.