É como um filme, uma série, uma novela daquelas que de tanto assistir já parece conhecer os personagens. É como um livro que relê porque se nega a deixá-lo de lado ou como uma foto que parece congelar um momento para não sentir que ele passou.
É como uma noite que chega ao fim, como todas as outras em que coloco o filho na cama, rezo, beijo, digo Eu te amo, e vejo os olhinhos se fecharem.
É como encerrar o dia, a semana, o mês. Rasgar a folhinha e abrir a próxima. Como terminar a escola, a faculdade, pegar o diploma e não saber o que virá depois. É o depois. O que fica entre o fechar os olhos e o amanhecer do dia.
É a parte esquecida da história, antes do felizes para sempre e das letrinhas subindo.
É o que ninguem posta no Instagram, que ninguem escreve no whatsapp, nem grava áudio. É o que fica na sua cabeça antes de dormir ou enquanto toma a quinta cerveja ou a última dose de vinho.
É o que você finge esquecer, mas lembra nas crises de enxaqueca.
É a necessidade que te acorda no meio da noite e te faz ligar o computador para escrever, é o que te dói, te separa, te afasta, mas é também o que te une, te mostra, amplia e transforma.
É o que fica, te atormenta. É o que forma, sustenta.