Quadros paralisados pelo tempo, fotografias que nunca existiram, e esse espaço que restou entre o que era e o que me tornei.
As pessoas que precisaram de mim quando não pude estar, ou as vezes que eu mesma precisei sem ter como falar. Os choros que transformei em racionalidade.
A paz que vem depois e que torna a vida menos complicada porque dá menos importância ao que antes importava. Ao desapego trazido com a idade ou com o costume de estar sempre tão longe que não se pode escutar.
Ao silêncio que não cala, mas que resume, e deixa só o que de fato faz sentido virar som.
"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita.
Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar.
Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou.
Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."
(Clarice Lispector)