A quarentena, a sensação iminente de morte nos jornais, a inquietação do luto.
As descobertas da solidão, o tempo a mais para relembrar e querer se ajustar a realidade, quando tudo o que precisamos é fugir um pouco dela.
Entre tantas possibilidades e expectativas, procurei por e-mails, textos e fotos antigas e não encontrei. Vasculhei arquivos. Talvez tenha apagado de propósito ou só sumiram.
- tudo se torna obsoleto com o tempo -
O fato é que justamente eu, a pessoa mais vintage que conheço, não tem passado registrado. E isso soa estranho.
Uma memória boa, mas que trabalha no passo do passado, quando já é tarde para mudar o que precisava ser mudado e quando não se pode mais desfazer o que precisava ser desfeito. Uma memória que fala com voz baixa olha o que você fez, e me joga quão imatura posso ter sido. Me defendo com eu era só uma menina, mas isso não conta a meu favor.
- o tempo não volta -
Queria ter registros. Acho que seria vantajoso olhar, me ver do outro lado do espelho, saber que melhorei, ou busquei melhorar. Só ter o hoje faz com que sinta falta do começo do livro, para então poder saber qual fim devo escrever adiante.
- o ontem é o alicerce do caos -