Vários quadros na parede branca. Vários santos. Estátuas, imagens, velas, terços, flores.
Cheiro de arruda.
Cabelo branco, vestido estampado, sapatilha de tecido, coluna arqueada. Fala vagarosa, calma, jeito simples, movimentos sutis. Rugas de uma vida sofrida, galho de louro nas mãos.
Com a ponta dos dedos percorre meu corpo sem tocar. Ouço rezar baixinho, pedir proteção. Me sinto segura naquela sala quadrada.
Ela estica meus braços, vê diferença entre as mãos. Espinhela caída. Falei, certeza.
Benze, benze, coloca um pano em cima do meu cabelo, vira um copo d'água e ela quase ferve. Por isso a dor de cabeça.
Saio melhor que se tivesse ido ao médico, sem remédio.