Enquanto o açúcar queimava, lembrei de você. Da perfeição com que misturava leite condensado, leite e ovos e adoçava a mesa do café com um pudim sem furinhos. Do prato azul de vidro.
Lembrei do café, do biscoito, da margarina, e de tudo que tinha e que servia na ideia de que era preciso comer bem - valorização que só quem vem de tempos desabastados conhece.
Lembrei das brincadeiras, sua forma de carinho. Sempre tão brava, tão prática, nelas encontrava meios de tocar ou abraçar.
Vó, você faz falta. Seu pudim, seu macarrão, seu frango. Seu sítio cheirando a chuva, seu rádio ligado, sua poltrona com o vô sempre sentado.
Ainda consigo te ver acenando pelo retrovisor do carro, mas ainda não consigo te dar tchau.