A cortina voa devagar com o vento, tão suave quanto o sol que aos poucos vai esquentando a grama. Dia azul, roupas no varal. A ponta da árvore que vejo do quintal mexe lenta, um galo canta longe e o vizinho bate marreta na reforma. Tudo passando, carros, horas, vida. E eu...
Já não tomo calmante há dias e deixo o nervoso esgotar minha calma, lavar minha alma. A sinto branca, cheirando amaciante com alvejante - como as roupas que balançam lá fora.
Alma de quem voa por perto. Liberdade contida pelo medo de sair da gaiola. Quando você fica ali, espiando o céu, imaginando como é bater as asas, apegada às grades do espaço que nasceu para ser seu. Enquanto isso canta, e seu canto é o mais bonito que se pode ouvir.