À todas as vozes que ecoam mudas dentro de mim. Vozes que calo.
À todos os muros que construí, tijolo por tijolo, arduamente, para me proteger. Todas as correntes que enxerguei, todo escuro que fugi, todo brilho que ofusquei.
À tudo que reprimi, esqueci, fiz que esqueci. Todo ardor que deixei passar e toda dor que permiti latejar.
Ao tão pouco que foi tão importante. À falta de paz.
À indagação, falta de razão, e toda argumentação.
Ao pior de mim, que também foi sustentação. Aos pedaços que juntei, aos que deixei.
Ao sol que me aqueceu quando o resto era só frio.
À mim – às várias de mim. Às que invento, reinvento, que mato ou faço renascer.
À falta de rumo. À quem tem coragem e a quem não tem, mas arruma.
Aos que me quebraram, aos que consertaram, e aos cacos que fizeram o caos. Às estrelas que dele nasceram.
Ao nervoso que foge à calmaria, ao medo. Acima de tudo, ao medo. Que move, destempera, questiona. À dúvida que faz crescer.
À luz que nasceu de mim, transformou em amor minha escuridão.
Ao sim, ao não.
À luz que nasceu de mim, transformou em amor minha escuridão.
Ao sim, ao não.