Cada um monta a sua história, e ela é feita de detalhes. São as características que nos tornam o que somos.
Tem aquela que acorda mal humorada, aquele que conta vantagem, o que fala pouco, a que ajuda todo mundo.
Tem quem goste de fuscas azuis, quem tem mania de organização, quem ame cachorros e vive na ponta dos pés.
Tem quem ainda escreva cartas, passe a noite em claro lembrando de frases. Quem guarde um beijo pela eternidade.
Sempre tem o que gosta de futebol e não sabe dizer o que sente. Também tem quem diga até demais.
E tem aquele que vai embora. Aquele que parte sem dizer adeus e não coloca ponto final porque acredita que tudo são vírgulas. Que tudo é transitório; evolui, transforma. E uma vez transformado, jamais volta a ser como antes.
Por mais mudanças que aconteçam, por mais longe que se esteja, cada um que "temos" - por um tempo que seja - torna-se um pedaço de nós mesmos. Somos junções.
Das nossas risadas, sorrisos, olhares. Das nossas piadas, bebedeiras, invocadas.
Marcamos e somos marcados. Aprendemos o que gostamos, o que não suportamos, o que amamos.
Por isso, não existem instantes no que é verdadeiro. Não é passageiro.
Existe, consiste e persiste sempre, até o cessar da respiração.
(...)