Se


Se a gente fosse. Se a gente tivesse. Se a gente não, se sim, se talvez, se quem sabe. 
O "se" invade cada frase, cada pensamento do que julgamos ser impossível. Ele é o vilão de todas as histórias não concluídas, todos os sonhos esquecidos, todas as noites em claro. 
No entanto, o pobre Se não passa do nome que damos à nossa covardia. 
Sim, se nossos medos tivessem um nome, seria Se. 
Eu seria feliz se... Você me amaria se... 
Ela faria se... Ele ligaria se... 
Caminhamos todos os dias, de se em se, à caminho da monotonia que é se conformar. 
Batemos o martelo, deixamos pra lá. Sofremos até passar, mas não, não podemos. Não podemos assumir, não podemos sumir, não podemos o que queremos. 
E não podemos porque já sabemos tudo, planejamos tudo, ditamos tudo. 
Somos velhos esperando a morte - e não falo de idade. 
Somos velhos porque não nos permitimos mudar de ideia. Não nos permitimos arriscar. 
Não sabemos voltar atrás, pedir desculpas, dar um pulo no escuro e recomeçar. 
Somos velhos porque por medo do novo nos agarramos ao que temos achando que assim estaremos seguros. Ledo engano. 
Recusamos em nome do injusto destino a nossa própria felicidade nos escondendo por trás de duas letras quando a verdade é uma só: qualquer Se a gente supera; o que a gente nunca, jamais consegue mesmo superar é a nossa própria falta de coragem.