E os dias eram só o passar das horas no relógio. Cada minuto a mais era um minuto a menos.
Não atentava-se ao fato do jamais, mas satisfazia-se com a esperança do por enquanto.
Bastava, portanto, cada entardecer de inverno.
Por vezes suspirava. É que o alaranjado do céu no fim do dia a fazia recordar.
Dava-lhe a alegria de volta - e como era bom ver seus olhos brilhando mais uma vez.
Rosto corado, corpo iluminado.
Já em casa, olhava-se ao espelho.
Pacientemente esticava e desenferrujava suas asas.
Em breve, bem breve, seria hora de usá-las.