Descartáveis, como tudo parece ser hoje em dia, nossas relações são como copinhos plásticos em aniversário de criança. Você pega um, usa, esquece onde deixou, pega outro, usa, e assim vai. No fim da festa o saldo é só um saco de lixo cheio.
O nome relação assusta, só esquecem que relação é o nome que se dá a qualquer forma de vínculo, ainda que seja de amizade ou trabalho, por exemplo.
Zelar por uma relação não significa que esteja prometendo alguma coisa ou pedindo alguém em casamento. Zelo é o que temos por quem respeitamos.
Pois bem, partindo do princípio que dizemos gostar de uma pessoa, temos o comprometimento moral de deixá-la a par de como anda este vínculo. Não, não é legal simplesmente deixar o copo em cima da mesa.
Falta comunicação nas relações. Falta comunicação entre as pessoas. Falta comunicação no mundo.
Talvez isso explique tanto furor pelas redes sociais. Tão mais fácil interagir sem dar a cara a tapa e a julgamentos.
Tão mais fácil escrever uma linha do que olhar nos olhos. Mas, convenhamos, tão menos honesto.
Dia desses ouvi a frase "palavras são só palavras". Ouvi não, li. Agora é assim, se lê mais pelo celular ou computador do que se ouve.
E aquilo, aquela frase, me martela até hoje.
Será que estamos escrevendo mentiras ou enganando a nós mesmos com frases escritas assim, ao acaso? Será que as palavras agora são juntadas de forma circunstancial num emaranhado de pensamentos impulsivos aos quais não mais se sente antes de dizer?
Pra mim, palavras nunca foram e nunca serão "só palavras". São pedaços do que sinto, do que vejo, percebo.
Por elas, e por perceber o quanto se tornam vazias em boca ou mãos de quem as usa sem nada a acrescentar, é que percebo o quanto às vezes nem dizer adeus se faz necessário.
Se palavras são só palavras, melhor não desperdiçar as minhas, sempre tão sinceras e bonitas, com quem não é capaz de lê-las da mesma forma.
Fica, então, o silêncio ecoando a quem por dentro só tem vazios e espaços a oferecer.
Mais um copo esquecido em cima da mesa.