Sobre estrelas


“Do caos nascem as estrelas.”
Ouvi essa frase assim, do nada, em mais uma daquelas conversas que estou habituada a ter. Conversas sem propósito a não ser passar o tempo.
Daquelas que você senta na mesa, pede uma bebida e fica assim, à esmo, proseando sobre a vida.
Parece velho dizer isso, “sobre a vida”, mas assim o é. Às vezes não é um assunto, é só isso mesmo, vida. 
Coisas boas, coisas ruins, dia-a-dia, frases soltas. E entre uma e outra, sempre alguma fica martelando depois.
“Do caos nascem as estrelas”, é, deve ser.
Entre um choque ou outro, o universo te traz a resposta – ou a pergunta – que sempre esteve ali, na sua cara. Só você não enxergava.
Foi preciso o abismo, a confusão, a bagunça.
Pois então, que nasçam, que iluminem. 
Que por elas se faça o caos, a desordem. Por elas minhas asas se partam e seja preciso dias e noites, meses e anos lambendo ferida por ferida até que possam cicatrizar.
Mas, que sempre – sempre – hajam estrelas dentro de mim.