Sobre coragem, omissão, escolha e decisão


Desde o minuto em que você acorda, se aperta o soneca ou levanta, a roupa que você escolhe. 
Desde as primeiras horas do seu dia até aquela em que volta do trabalho querendo mais que jantar e cama. A cada pequeno passo, uma escolha. 
Você poderia ter ficado dormindo. Poderia ter ido de metrô, ter passado calor com aquela blusa, ter ido encontrar um amigo. Poderia. 
A gente pode fazer ou não fazer milhares de coisas todos os dias. Quem escolhe, quem decide se faz ou não, é você. 
Você é o único responsável por cada uma das páginas que colecionou pra sua história. Você é o autor. 
Até os capítulos mais difíceis são mutáveis, porque ainda que não consiga mudar alguns fatos, há como alterar a forma de lidar com eles. 
Vitimizar não é escolha, é fuga. 
E a gente vai vitimizando sim, se omitindo. Omitindo nossas próprias decisões. 
Omitindo nossos desejos, nossos instintos, o que faz nosso coração acelerar. Pra que, pra quem? 
Se o intuito de uma vida com prazo de validade é ser feliz, não deveríamos fazer o contrário? 
Nos apegamos a muletas, por vezes mais sociais que próprias. A gente aprende a ser católico, aprende a comer peixe, aprende a trabalhar para ganhar dinheiro, aprende a se prender. 
Se não acredito na ressurreição, não sou católica. Se não gosto do sabor, não como peixe. Se não sinto prazer no que faço, arrumo outro trabalho. Se com asas eu sonho, não aceito a gaiola. 
Viver. E viver não é obedecer. Não é se omitir e seguir, seguir, sem questionar se é esse caminho que te faz ter orgulho de si mesmo. 
O resto é assumir. 
Beber, fumar, tatuar, dançar, chorar, gritar e amar assim, a hora que quiser. 
Não gostou? Paciência. Minha vida é minha; a sua, sua. Se não gosta, não faz, mas não tente tirar meu direito de escolher. 
Porque aí, se não fizer, não é porque quero te agradar, mas porque me agrada te agradar. Isso faz toda diferença. 
Muito embora, toda escolha, claro, traz consigo consequências. Umas boas, outras nem tanto. 
Você deu um passo, pronto, deu. Voltar atrás é ser covarde. 
E não falo de culpa, falo de covardia. 
Culpa é só o condicionamento martelando a sua cabeça. 
Se você quis, se gostou, arcou com o momento, não carregue culpa. 
Escolha. E o melhor: assuma suas escolhas. 
Aceite, porém, que nenhuma delas é eterna. Nem você é. 
Viver se culpando ou respirar de verdade, não por costume, obrigação ou osmose, isso aí é outra coisa, é decisão.