Quando peguei seu pulso, não senti nada.
Não sei precisar quantos minutos se deram desde que o vi imóvel a minha frente como um boneco de plástico, até sua imagem sumir lentamente.
Os aparelhos emitiram sons que não sabia interpretar e um corre-corre me deixou ainda mais confusa. Parei ao lado da passagem no corredor e observei sem reação a entrada e saída de dezenas de médicos e enfermeiros.
Eu não estava pronta. Eu nunca estive.
Mas, embora o desespero fosse tomando conta de todas minhas veias, uma por uma, não chorei. Não consegui.
Também não consegui falar, nem beber, nem comer por alguns dias.
Não estava me fazendo de vítima, não estava remoendo dores, simplesmente não estava.
Não sabia por que, por quem, por onde. Eu apenas respirava.
Respirava e me perguntava pra que.