Apagar


Rafaela andava cheia de olheiras. Não dormia bem há meses.
Ombros baixos, olhar desbotado. Faltava aquela alegria de sempre.
Não acontecia-lhe coisas ruins ou boas, não era isso. Nem ela sabia.
O que sabia era que não aguentava mais os dias.
Uma noite pegou uma bolsa, encheu de peças de roupa e saiu.
Na mala não levou ninguém. Nem umzinho para contar história.
Trouxe consigo somente a si.
Não deixou rastros, pra que.
Melhor apagar quando não é pra durar.