Ela não queria mais pensar. Estava cansada dos dias sempre iguais, do amor sempre diferente.
Peito latejando.
Pegou as chaves e saiu de casa na escuridão da madrugada, sem fazer barulho.
Dividida sobre quem ficaria com uma carta, não escreveu. O silêncio às vezes diz mais coisas.
Não conseguia mais esperar sua vez e decidiu pagar pra ver. Sempre fora corajosa - ou covarde - demais.
Tomou um gole generoso de uísque, acendeu um cigarro e ligou o rádio do carro o mais alto que pôde.
À frente, em alguns minutos, estava a serra do mar. Acelerou sem olhar a direção.
Marcas de freio no asfalto, cacos de vidro espalhados pelo chão.
Cheiro de flor.
(...)