Abriu a janela do quarto e deixou o sol entrar.
Último dia de verão, primeiro de outono.
Não estava mais pensativa; todas as agitações haviam se acalmado.
Tempo das folhas caírem ao chão, de desnudar-se para renascer - sacrifícios necessários para que tudo volte ao seu lugar.
Ainda de roupão, na primeira hora da manhã, espreguiçou e vestiu a blusa como quem colore a alma.
Seus pés aos poucos voltavam ao ritmo, seu ritmo - som de piano.
Logo a bailarina quebrada da caixinha de música dançaria outra vez.
Tinha o andar leve, a mente equilibrada e o coração protegido.
Era mais um capítulo previsível daquela história que já nas primeiras páginas se sabe o final. Mais um texto bonito, dos que guardamos com carinho na caixinha de recordações escondida no armário.
"Que agora acompanha teu dia
E pra minha poesia é o ponto final"