Inquietude


Palavras  não são escritas, elas nascem. Brotam de dentro da gente como filhos que vêm ao mundo para nos salvar. Nos salvar de nós mesmos, nossos pensamentos e do silêncio que acolhe a solidão.
Nos conhecem mais que nós a elas. Desconhecidas amigas pedindo para deixá-las livres.
Para que se façam em linhas é necessário senti-las. São sensíveis e odeiam ser usadas.
Marcam épocas e costumes, sentimentos e perdas, ardendo como fogo na carne viva.
Selecionados calados compreendem essa pulsação e sobrevivem. 
Palavras não julgam. São partes fascinantes do nosso próprio corpo, mas não envelhecem com ele.
E até nos tempos de introspecção, onde o vazio toma conta de tudo, lá estão elas, acolhedoras e quentes, prontas para mais uma ebulição na fervura de uma nova paixão que as façam explodir para fora, encantando e reiniciando, sem nunca jamais parar.
Calma que ajoelha em nossos limites. Poros que transpiram febris a agonia de querer mais.
E mais.