Aos vinte e nove


Hoje acordei mais velha. Não pelos cabelos brancos, que ainda não me assolam. Nem pelas rugas, pelas dores. 
Eu hoje acordei com mais tempo, mais planos, mais passado, com mais eu dentro de mim.
Mais detalhes que me compõem, mais humor, mais gosto, mais sentido.
Acordei mais velha num corpo de menina. Me senti mulher, mesmo me sentindo tão criança.
Defrontei minhas verdades cheias de imaginação, meus medos cheios de coragem.
Me espiei pelo vão de frente ao espelho e vi a diferença no olhar.
Aos 29 pude, enfim, me amar.