Ele não era do tipo que ainda mandava flores. Não dava bombons em Dia das Mulheres, nem escrevia Eu Te Amo em redes sociais.
Ele não era de elogiar, tampouco reparava em sua roupa nova, nem nas joias escolhidas à dedo ou na maquiagem que lhe ressaltava os olhos. A explicação era simples: ele achava, mas não dizia.
Ela entendia, afinal, era o jeito dele.
Assim passaram dias, semanas, meses, anos.
Ela entendia, afinal, era o jeito dele.
Assim passaram dias, semanas, meses, anos.
Passou o rosto de adolescente, de mulher.
Ela continuava vaidosa. Ele continuava quieto.
Não mais discutiam por isso, não mais era cobrada sua falta de percepção.
Um dia o chinelo de lacinho dela não estava mais alinhado ao lado da cama. Seus inúmeros cremes não ficavam mais amontoados na pia do banheiro, e ele doava peças coloridas daquele guarda-roupa pequeno do qual ela sempre reclamava.
Ele então percebeu o quanto poderia ter sido mais romântico. O quanto poderia ter demonstrado que aquele jeito alegre e combinado era o que o fascinava.
Percebeu que poderia ter lhe deixado mais feliz, mais segura, mais brilhante. E que com isso, não haveria nada mais a lhe querer dizer, como agora.
Sentiu falta do abraço perfumado, mas não soube precisar quando o teria de novo.
Há vezes em que faltamos às nossas flores; há vezes em que as flores nos faltam.