Amanheceu e ela continuava sem dormir. Pela fresta da porta, a luz entrava em seu quarto fazendo com que seu sono se perdesse ainda mais. Clarice não havia pregado o olho desde que deitou, às onze da noite, com a esperança de descansar e retirar de sua pele as olheiras fundas ao redor dos olhos.
A sensação de má digestão, os pés inchados, as costas que não paravam de doer estavam castigando seus últimos meses.
Levantou com dificuldade, espremeu os pés no único chinelo de tecido que lhe servia, e caminhou até a cozinha. Olhou na folhinha, faltava uma semana.
O coração disparou, seus olhos encheram-se de lágrimas e, por instinto, acariciou a barriga, parte de seu corpo que parecia que iria explodir.
_Só mais um pouco, filha - pediu em voz baixa.
Enquanto o marido se preparava para ir ao trabalho, entrou no quarto colorido que logo teria dona e suspirou, enquanto olhava apaixonada as roupas tão pequenas e perfumadas dentro do armário.
_Ansiosa?
_Não, respondeu Clarice. Feliz!
[Esperar é um pouco calma, um pouco nervoso. Um pouco paz, um pouco conflito.]