Enquanto caminhava pela praia em busca de conchinhas, a menina de biquíni azul se afastou da mãe.
Eram tantos enfeites que encontrava na areia, que não pôde perceber o afastamento, e quando deu por si, não sabia mais como fazer para voltar.
Lembrou-se das palavras da mãe dizendo para não conversar com estranhos, e por isso, quando lhe indagavam se estava perdida, respondia que não, embora as lágrimas em seu rosto a relatassem.
Aos cinco anos, tentava encontrar um jeito, uma solução. Lembrou do carro do pai, estacionado à beira da calçada. Teve então a feliz ideia de procurá-lo, afinal, não iriam para casa sem ele.
E assim fez.
Uma hora depois, a menina perdida estava nos braços desesperados da mãe.
Encontrara-se?
Desconfio que ainda não.
(...)
[Houveram dias em que chegara tão perto de si mesma que pôde tocar suas vontades e sentir o cheiro de seu futuro. Dias em que o sol queimou sua pele sem arder e seu andar fez-se majestoso, como uma dança suave. Houveram respostas para suas perguntas, mas, o tempo traiu sua calma, entregando-lhe questões que a faziam mudar do dia para a noite. A menina perdida agora era também uma piscina de mutações inconstantes.]