Mais verdade


Faltava um minuto para o fim do mundo. Apertou os olhos e as mãos.
Um minuto para uma nova vida, na mesma. 
Apesar da pouca idade sentia-se esgotada, como se já tivesse vivido muito. E de fato, vivera.
Começava então a enxergar a complexidade das coisas, do tempo.
Vinte e um de dezembro de dois mil e doze. Outra vez (pela primeira vez), todas as bagagens se desfazendo, todas as ruínas caindo. 
E aquela vontade de dizer tudo o que queria, escutar o que precisava, passou. 
Não coloque obstáculos em caminhos abertos - disseram-lhe em sonho, e assim faria.
O fim do mundo deu-se particular, e o dela era só o começo.
Mais verdade, era o desejava quando em um minuto... nada aconteceu. 
Nada? 
As tempestades mais temidas acontecem onde ninguém pode tocar.


[E ela gostava de contemplar as gotas d'água dentro de si mesma.]