Quando o conheci, ele nem me olhou. Na verdade eu nem sei se o olhei, ou se estava muito ocupada tentando olhar pra mim.
Quando se apaixona, perde-se de si mesmo. Quando se ama não, ao contrário, encontra-se.
E eu me encontrei quando o vi.
Não é comum achar alguém assim, nascido no mesmo dia que você. Menos comum é achar quem te entende, quem gosta dos seus textos, das músicas que ouve, do mundo em que vive. É como aquela pontinha do meu espelho, tão grande que não conseguia enxergar.
É calmo, é confortável como um cobertor que me protege do frio, é puro, é bonito.
E é forte, é suficiente, é para sempre.
Não que eu me iluda com esse pra sempre, afinal, "que seja eterno enquanto dure", mas essa eternidade se funde em mim, como marca na pele, traduzindo em tom de palavras inexistentes cada gesto de amor que percebo quando o vejo. É meu, é nosso, é desse jeito, com esse efeito, é pra ele, é para o futuro. E será para nós dois, ou três, ou quatro.
[E um ciúme assim, vindo de mim, por alguém que amo. Porque não há o sufoco, mas a lembrança de que o tenho, mas não o possuo]