Ele entrou na reunião sem muita paciência para falar. Queria ouvir, mas não tinha o direito de se omitir.
O dinheiro que caía na conta nem sempre compensava - pensou.
Voltou para a sala e tudo que queria era estar em casa. Colocou água nas violetas em cima do armário e olhou para as pedras que abandonara há anos. Quando ia pensar nela, pegou as pastas e a deixou mais uma vez para trás.
Coragem, era isso que lhe faltava. Mais fácil alimentar uma companhia que reerguer um amor.
Saiu às dezoito horas e foi direto para o chuveiro, queria esquecer o que já não se lembrava.
Tomou uísque no sofá enquanto assistia a tv de led de 42 polegadas, olhou as luzes da cidade pela janela e quase voltou-lhe a humanidade. Escapou por um segundo.
Somente os dias passando lhe faziam feliz e agora o melhor era planejar em qual país passaria as próximas férias.
O vazio não existe quando não se pensa nele, dizia - uma das únicas coisas em que tinha fé era em si mesmo.