A casa ficou linda. E às vésperas de sua viagem, haviam flores em cima da bagagem.
Roupas velhas, roupas novas, tênis surrado e olhos bem abertos.
As paredes silenciavam, a respiração estava baixinha, baixinha - quase nem se ouvia.
Os muros invadidos denunciavam a paz inquieta de si mesma, tão bizarra quanto seus desejos.
De herói em herói, iam-se todos. De demônios se revestia, portanto, perpetuando seus pecados mais internos.
Na mesa as flores repousavam a vermelhidão de seus pesares, sempre tão acompanhados de ternura. Era o verdadeiro.
Olhou a caixinha e percebeu que precisava ir à farmácia. Seus calmantes estavam se esgotando e aqueles dois comprimidos não durariam até a tarde.
De frente ao mar trazia consigo a paz, a saudade, o sono. Trazia um certo descanso, um certo conforto, e rezava.
Mas, ela sabia rezar?
Sabia. Tirou de dentro, mas sabia.
Também sabia esperar, ainda que a ansiedade lhe matasse.
Separou então suas frases de efeito e pôs-se de joelhos ao chão.
Que redenção existia naquele feito, não se sabe. Mas essa dor anestesiada não lhe devia mesmo explicações.
"There goes my hero"