Nasceram no mesmo dia, no mesmo mês.
Um era alto demais, a outra, pequena demais.
E os demais não paravam por aí.
Ela desencanou de encontrar um amor e foi encontrar as amigas. Ele desencanou de encontrar a mulher ideal e foi encontrar a cerveja, nessa, se encontraram.
De costas, nem perceberam, mas foram ajudados pelo destino, que por sua vez escondera-se dentro do copo dela.
_Vamos mandar um recado para uma mesa?
E assim foi. Ao invés do número de telefone, duas perguntas.
A preguiça em responder o fez chamar para conversar, e aí...
Conversa vai, conversa vem - nada de interesse.
Tudo bem que o sorriso dele era hipnotizante. Tudo bem que ela tinha um olho bonito, mas aquele macacão definitivamente não a valorizava, e quando estavam quase voltando para suas vidas separadas, finalmente, anotaram os números.
Ele mandou o primeiro e-mail. Ela pesquisou o nome dele na internet. Mensagens enormes, coincidências e o primeiro encontro.
Ele a beijou.
O mundo parou, a cerveja caiu em cima do celular e ela estava de chinelos, mas quem se importava?
Dali em diante estavam sempre juntos. Bares, aniversários, casamentos.
Estavam juntos no dia-a-dia, nas más notícias, nas boas, nas mudanças, na rotina.
Estavam juntos ainda que estivessem separados - no pensamento.
Nas mensagens de texto, nos e-mails, nas ligações mais baratas por terem mudado de operadora.
E tudo os tornaram tão felizes que resolveram progredir: compraram duas alianças de ouro e pronto, estavam noivos.
Agora viriam as vacas magras - economia pra poder casar, mas isso não era problema.
Quando amamos queremos ficar juntos. Não importa quando, quanto.
Somamos, ampliamos, renovamos, e por que não, mudamos?
Muda-se o que complica, o que dificulta, o que empata. E o que se ganha é isso: um amor engraçado, romântico, sonhador, que está ali sempre ao seu alcance e que ganha porque um dia soube perder.
"Year after year
Running over the same old ground
What have we found?
The same old fears
Wish you were here"