À uma irmã


Ela era a mais velha, mas pelo tamanho nem parecia.
Poucos centímetros as separavam e as infinitas afinidades aproximavam.
Quando uma chorava, a outra instantaneamente enchia os olhos, assim como a felicidade sempre percorria o sangue de ambas.
E era enquanto a primogênita se trocava para sair que a caçula fazia a festa. Enchia-se de orgulho da beleza da irmã, do sorriso bonito, da letra desenhada. Admirava as roupas, as jóias, a inteligência, a força e a autonomia. E pensava alto: era isso o que sonhava para si.
A mais nova queria ser bailarina, a mais velha, veterinária. Nenhuma foi de fato.
Uma já é esposa, a outra não. Ainda podem ser enfermeiras, vendedoras de balas de coco, dançarinas, escritoras. Podem ser mães, avós, tias. Podem ser o que bem entenderem, porque enquanto houver pulso podemos tudo. E podemos porque estamos juntas. Podemos porque aprendemos a compartilhar nossos pecados e nossas virtudes, somando-nos a uma só, em quatro passos na estrada.