União e comunhão


Aquela era a noite mais feliz de sua vida. Vestida de branco, com as rosas vermelhas nas mãos, agradeceu a Deus o presente de ser feliz com ele, finalmente.
O ar da madrugada estava úmido, mas não sentia frio. Anestesiada pelos anseios e acontecimentos de todo transcorrer dos preparativos, da cerimônia e da festa, seu corpo ainda estava em êxtase.
Desceu do carro e pediu que ele ficasse ali, à sua espera. Descalça, atravessou o extenso jardim no alto da Serra da Cantareira até chegar onde queria. Digamos que aquele fosse um jardim diferente, onde se plantava flores e amores.
Olhou a placa e o nome dela. O anjo que foi embora tão cedo, mas que sempre a protegeu. Sentiu em seu rosto uma leve brisa, e percebeu que o vento a abraçava. Uma lágrima escorreu. De saudade, de felicidade.
Em um gesto silencioso, cheio de oração, emoção e agradecimento, deixou seu buquê na grama e caminhou. Ele a encontrou, deu-lhe a mão e andaram algum tempo sem dizer uma só palavra.
Ele sabia o que era pensar em alguém que estava longe. Sabia o que era desejar que estivesse ali.
Ela pensava na irmã, ele no pai. Também pensaram nos avós, nos tios que não mais podiam aproveitar a presença. Choraram juntos, como a partir de agora haveria de ser.
Duas pessoas, uma só vida. Na alegria e na tristeza.