Alice não queria acordar.
Estava tão cansada do mundo real que decidiu (por que não?) viver sua fantasia sem bloqueios.
Olhou para o despertador ao lado com aquela preguiça típica dos dias nublados e não teve coragem de levantar no horário, afinal, eram só mais dez minutos.
Mas o relógio insiste em passar depressa quando não queremos, e assim, teve que enfrentar sua má vontade e ir trabalhar.
Dois ônibus e um metrô - essa era a condução que utilizava apenas para ir à empresa - fazendo com que chegasse exausta logo nas primeiras horas da manhã.
Já não tinha mais paciência para trânsito, pessoas falando, cheiros de perfumes demasiadamente fortes, músicas de celulares em volume alto para todo mundo ouvir (querendo ou não).
Na verdade já estava sem paciência consigo mesma, com seus pensamentos monótonos e sua vida cheia de rotina.
Ao fim da tarde, pra desestressar, decidiu sair para beber com as amigas, e foi aí que tudo começou a mudar...
[Alice esperava que um grande amor, desses de parar a respiração, fosse acontecer de repente. Esperava que algo maior lhe desse um novo sentido, uma nova fase, novos planos.
Quando menos imaginava, um estalo rompeu a mesmice - como "o esporro que precede o silêncio" - fazendo com que ela, ao contrário do que diziam todos: "Acorda!", se entregasse de vez aos devaneios e experimentasse sensações de êxtase e glória. Por isso, agora só conseguia ouvir a voz de sua própria intuição a dizer: "Não, não acorde Alice!!!"]