Caminhávamos pelo parque no fim da tarde de verão. O céu surtia um efeito mixado de cores alternadas entre rosa, vermelho e laranja - um dos mais bonitos que já vi.
Paramos um pouco quando estávamos em cima de uma espécie de morro, de onde podíamos contemplar o entardecer e respirar um pouco de ar puro antes de voltarmos à pousada, que estava um pouco distante dali.
Coloquei a mochila no chão, sentei em uma pedra e pensei em como estava me sentindo pequena aquelas dias.
Porém, desta vez não era uma forma ofensiva de me achar; era uma forma de vasta imensidão do mundo e da vida, que seguia seu fluxo não se importando com quantas dores ou alegrias você obtinha.
João, meu fiel amigo e companheiro de viagem, mantivera doces comportamentos e falas que me animavam quando pensamentos negativos insistiam em aparecer.
_Não seja assim, tão vilã de si mesma!
E ele sempre, incrivelmente, tinha razão.
Só agora estava percebendo o quanto fui negligente comigo. O quanto permiti, doei sem reciprocidade, não me olhei no espelho nos últimos tempos.
E só agora também é que estava começando a sentir o gosto do valor. (e ele era tão bom)
_Olha só isso! - ele interrompeu meus devaneios.
Se eu já havia ficado impressionada com aquele pôr-de-sol, agora então é que eu não acreditava no que via.
Borboletas azuis que pareciam brotar de uma árvore, amontoadas uma sobre a outra, como se estivessem fazendo uma declaração de amor.
E nada melhor que elas para mostrar como podemos nos livrar dos casulos que nos prenderam um dia e nos tornar livres, vistosos e cheios de esperança.