Tudo é ilusão, tudo é apoético.
A vida não transpira fantasia, mas transpira realidade.
Afugentados do caos urbano, pequenos cacos de vidro se somam - diamantes formados pelo desejo dos sonhos. E tudo um dia ganha cor.
A mente, despertada como uma criança ainda de pijama, tropeça entre suas frágeis e inexperientes pernas. Nos sentimos acuados, inertes em um tempo que passa cada vez mais depressa, enganando até mesmo o ponteiro do relógio.
Afundamos a dor em doses cavalares, embebedamos nossos pensamentos para que eles possam dormir em paz. Mas a noite jamais tem fim.
No mundo imaginário, o que prevalece é o escuro do céu e o brilho das estrelas. Uma constelação todinha ao nosso alcance. Pode-se brincar de apanhar cometas ou simplesmente enfeitar de girassóis o contorno do sol.
O que se ouve é silêncio e prece, música e adoração.
Não, não enlouqueci. Ainda não.
Certamente agora coloco por mais tempo a cabeça fora d'água e respiro. Escondo as asas dentro de uma roupa qualquer e tento dormir. Amanhã acordo cedo.
"Conhecer não é demonstrar nem explicar, é acender à visão".