Esticou as asas o mais longe que pôde, mas não conseguiu acompanhá-lo.
Lúcifer era rápido demais e Lilith estava apenas aprendendo a voar.
Recentemente convidada a deixar o Paraíso, onde ela vivia em conflito com quem era pra ser seu marido, Adão, se sentia bem mais confortável na posição independente que escolhera.
Aquela história de mulher retirada da costela e por isso, devidamente submissa ao homem a causava náuseas. Ela não - era feita da mesma matéria, o barro - e por isso possuía igualdade.
Por não aceitar a condição, fora gentilmente induzida a deixar o lugar criado para a reprodução humana e ganhou como prêmio de consolação asas novinhas em folha. Isso a fez majestosamente feliz - voar entre aqueles mundos perdidos era bem mais interessante que viver uma felicidade manipulada, onde cada dia era igual ao outro, sem chance de mostrar o que queria, uma vez que o homem era quem sempre deveria ditar as regras.
E entre seus vôos noturnos, conheceu Lúcifer. Um anjo forte, altivo, inteligente e sagaz. O poder que ele exercia a fez suspirar, e ainda que dissessem que ele enfrentara Deus, por quem ela sempre conservou muito respeito e admiração, não deixava de querer estar ao seu lado.
Com ele podia ser quem era. Mandava e desmandava em sua vida cheia de liberdade, consumindo êxtase e luxúria, com amor e verdade.
Lilith simplesmente era acima de qualquer coisa, mulher. Cheia de defeitos, mas sem perder suas qualidades. Só queria espaço.
Teve milhares de filhotes, aos quais muitos foram destinados ao aborto, como castigo à abdicação da vida oferecida. Não achava justo eles pagarem este alto preço por ela não ter obedecido as leis divinas e optado pelo livre-arbítrio. Chorava todas as noites pelos descendentes mortos, mas sabia que eles eram mais que seus - eram pequenos demônios, filhos de Lúcifer, e a morte deles seria benéfica à continuidade do mundo.
Era apaixonada por ele, e jamais o deixou. Percorreu céus e infernos e conheceu todas as faces do amor, desde a doçura e o encantamento, até o ciúme passional e a insegurança. Para ela, ele nem era tão ruim, pois sempre doamos a quem amamos o melhor de nós mesmos.
E assim, gerações e mais gerações foram acompanhadas de perto pela herança de Lilith. Há quem diga que mulheres mais apaixonantes e independentes são de sua linhagem, e as mais pacíficas e obedientes, da de Eva (segunda mulher criada por Deus).
Mas, o que importa é que a iniciativa do amor é a mesma, na santidade ou na humanidade, e que não devemos julgar as escolhas, pois somos sempre aquilo que nosso coração determina que sejamos. E se isso é o que nos fará felizes, devemos nos entregar sem meios termos.
Pensando nisso, ela alongou seu corpo esculpido e tocou os ombros daquele que até poderia ser a perdição dos homens, mas dela, era apenas o desejo mais intenso.
Lúcifer era rápido demais e Lilith estava apenas aprendendo a voar.
Recentemente convidada a deixar o Paraíso, onde ela vivia em conflito com quem era pra ser seu marido, Adão, se sentia bem mais confortável na posição independente que escolhera.
Aquela história de mulher retirada da costela e por isso, devidamente submissa ao homem a causava náuseas. Ela não - era feita da mesma matéria, o barro - e por isso possuía igualdade.
Por não aceitar a condição, fora gentilmente induzida a deixar o lugar criado para a reprodução humana e ganhou como prêmio de consolação asas novinhas em folha. Isso a fez majestosamente feliz - voar entre aqueles mundos perdidos era bem mais interessante que viver uma felicidade manipulada, onde cada dia era igual ao outro, sem chance de mostrar o que queria, uma vez que o homem era quem sempre deveria ditar as regras.
E entre seus vôos noturnos, conheceu Lúcifer. Um anjo forte, altivo, inteligente e sagaz. O poder que ele exercia a fez suspirar, e ainda que dissessem que ele enfrentara Deus, por quem ela sempre conservou muito respeito e admiração, não deixava de querer estar ao seu lado.
Com ele podia ser quem era. Mandava e desmandava em sua vida cheia de liberdade, consumindo êxtase e luxúria, com amor e verdade.
Lilith simplesmente era acima de qualquer coisa, mulher. Cheia de defeitos, mas sem perder suas qualidades. Só queria espaço.
Teve milhares de filhotes, aos quais muitos foram destinados ao aborto, como castigo à abdicação da vida oferecida. Não achava justo eles pagarem este alto preço por ela não ter obedecido as leis divinas e optado pelo livre-arbítrio. Chorava todas as noites pelos descendentes mortos, mas sabia que eles eram mais que seus - eram pequenos demônios, filhos de Lúcifer, e a morte deles seria benéfica à continuidade do mundo.
Era apaixonada por ele, e jamais o deixou. Percorreu céus e infernos e conheceu todas as faces do amor, desde a doçura e o encantamento, até o ciúme passional e a insegurança. Para ela, ele nem era tão ruim, pois sempre doamos a quem amamos o melhor de nós mesmos.
E assim, gerações e mais gerações foram acompanhadas de perto pela herança de Lilith. Há quem diga que mulheres mais apaixonantes e independentes são de sua linhagem, e as mais pacíficas e obedientes, da de Eva (segunda mulher criada por Deus).
Mas, o que importa é que a iniciativa do amor é a mesma, na santidade ou na humanidade, e que não devemos julgar as escolhas, pois somos sempre aquilo que nosso coração determina que sejamos. E se isso é o que nos fará felizes, devemos nos entregar sem meios termos.
Pensando nisso, ela alongou seu corpo esculpido e tocou os ombros daquele que até poderia ser a perdição dos homens, mas dela, era apenas o desejo mais intenso.
"Vermelhos são seus beijos
Quase que me queimam"