Opção

Ela decidiu morrer.
Verônika, não eu.
E decidiu porque cansou de viver. Só por isso.
Cansou da mesmice, dos fatos iguais, "dessa eterna falta do que falar".
Mas foi serena, calculista. Tomou seus remédios e dormiu.
Acordou com ele ao lado.
Li a história no auge dos meus quinze anos e jamais imaginei que fosse ser tão real um dia.
Meus sonhos adolescentes não interromperam uma vida poética, mas foi nos meus vinte e poucos anos que quase morri.
Ainda agonizante, percebi que sabia respirar. Coloquei a ponta da cabeça fora d'água e tive que ter muita força para tirar meu corpo todo.
Minhas asas ainda ardiam a recente queimadura e se esconder na piscina era mais confortável, porém, covarde demais.
E então eu senti o que ela sentiu, a falta de sentidos.
Conheço a luz e a escuridão que pulsam dentro de mim. Sou dona das minhas mentiras enlatadas e recuo em meus medos infantis.
Hoje flutuo por entre pensamentos e desejos, mundos de ilusões e verdades.
Chorei por ela. Morri por ele. Vivi por mim.

"Seja como a fonte que transborda e não como o tanque que contém sempre a mesma água".