Todo carnaval tem seu fim

Era curioso e ao mesmo tempo natural. Uma fonte inexplicável que aprofundava cada vez mais o nome à pessoa. Ou, os sentimentos às ações.
Senti uma vontade enorme de gritar.
Liberdade... e eu ainda queria mais.
Queria o fim e o começo.
Queria o caos e a paz.
A dúvida e a integridade.
E resolvi deixar de querer para ter.
Absorvi o ruim por muito tempo, mas agora joguei fora.
Ah, se os anos falassem! Nada como a experiência. E sinto-me tão completa que "rio, danço e faço exclamações alegres".
Mas sou jovem. E a jovialidade contém pele de pêssego e disposição.
Ainda tenho tempo para pensar em ler Clarice. Depois me preocupo com a maternidade.
Ainda tenho tempo para mudar o mundo. Depois, quem sabe, me congelo como a maioria das pessoas e passo a analisar a segurança do meu umbigo já envelhecido.
Mas é Carnaval! E as marchinhas jamais nos deixam parar de lembrar.
E lembro-me da fantasia de bailarina que vesti aos cinco anos.
Naquele tempo eu era uma Colombina começando a conhecer o mundo dos Pierrot's e Arlequim's.
Na verdade, isso eu nunca deixei de ser.
Personalidade se ganha uma vez só na vida - ao nascer.

"Toda rosa é rosa porque assim ela é chamada
Toda bossa é nova e você não liga se é usada
Todo carnaval tem seu fim"