Candy girl


Ela se maquiou. Lápis preto e rímel nos olhos, blush e corretivo para dar um ar saudável e esconder as olheiras. Abriu o guarda-roupas e pegou o sobretudo. Botas de couro.
Saiu pelo frio escuro como quem acabou de acordar. Nessa noite ela queria dançar até não sentir mais os pés.
Nada como um bom e velho rock and roll para esquecer a dor. Nada como um drink para filosofar e organizar os pensamentos. Nada como ela.
Insubstituível? Isso não existe! - ouvia sempre. Mas não pensava da mesma forma.
Somos únicos, e portanto, insubstituíveis sim. Cada qual com seu encanto. E ela se encantava tanto quanto costumava encantar.
Na pista, som de Sex Pistols e não se conteve. Pegou sua Bloody Mary e não quis nem lembrar seu nome.
Passou a manhã toda observando o sol no parque. Nem dormiu. Preferiu ouvir o canto dos sabiás laranjeiras e acariciar os gatos. À essa altura parecia um zumbi, mas não se importava. Sentia-se exausta e feliz.
O cansaço às vezes traz disposição. Irônico, não?
Mas de ironia é que se vive a vida - pensou.
Foi pra casa cantando.
"Candy Candy Candy
I can't let you go
All my life you're haunting me I loved you so
Candy Candy Candy
I can't let you go
Life is crazy
Candy baby"