Bandidos ou mocinhos?

Na vida, assim como na ficção, dividimos a sociedade em grupos.
Não falo sobre os grupos de classe social (deixo-os para um outro dia), mas daqueles que denominamos "bandidos ou mocinhos". Esses são os ruins ou bonzinhos da história, como nos folhetins televisivos.
Tudo bem, mas o que a maioria das pessoas se esquece é que a vida, por mais parecida que seja, não é uma novela. Portanto, não existem monstros e príncipes encantados.
Todo mundo tem um pouco de bondade, mas acredite: ninguém está isento da maldade.
É claro que alguns possuem mais, outros menos. Mas ninguém aqui é santo. Nem diabo.
O puro também tem ambição, desejo, inveja, arrogância. E para percebermos isso, basta dar-lhe uma coisa chamada poder.
O rebelde também tem amor, carinho, zelo. Basta ver como tratam as mães, os filhos.
Trabalhamos com excessões, óbvio. Mas falemos da maioria, embora não haja um estudo apropriado sobre tal.
Já ví um anjo se transformar em Lúcifer e já li frases que me decepcionei com Cristo. No entanto, me encantei com um bandido na cruz e assim por diante, século após século.
Diante então de meu ceticismo, duvido até das intenções de alguém que só aparece quando deseja algum favor ou informação. Assim posso compreender a frase "Malditos ou inocentes?"
Tanta guerra, tanta festa sem sentido, tanto sentimento jogado fora. E ainda tem gente que aprendeu a ler e escrever ontem e se diz tão bom nisso. Ah, faça-me o favor!
Escrever não é uma forma de se aparecer, muito menos de mostrar "olha como eu sou inteligente".
Portanto, se for pra fazer algo, faça porque isso te acrescenta, e não porque te exalta.
Acho fútil e ridículo se julgar com adjetivos importantes. Será que se tem a pretensão de aparecer nas barças de nossos futuros filhos?
Bom, o que digo é que não existe bandido, mocinho, príncipe, princesa. E não existe humildade, porque ela desapareceu há muito tempo, desde que se inventou o orgulho e o narcisismo.
Uma foto bonita vale mais que um conteúdo expontâneo. E a expontâneidade morreu. Lamentável, mas verídico.
O que ainda faz com que tenhamos esperança nessa nova geração de escritores é que achamos um ou outro que se mantém como todos deveriam: na aprendizagem contínua e no respeito de grandes nomes, jamais se comparando a eles, pois como diria Sócrates: "Só sei que nada sei".
E assim caminha a humanidade... bandidos ou mocinhos, o que sabemos é que o que mais importa é o que levaremos disso tudo um dia. Seja lá para qual lugar for, a lição é o que fica. E nunca, por mais que se leia ou escreva, estaremos sábios o suficiente para nos auto-denominar isso ou aquilo dentro dos parâmetros literários. Se é que me entendem.