Quase sete


Quase sete horas da manhã. Acordei como se fossem dez. Olhei o celular e não acreditei que não havia despertado. Engoli o café e saí correndo. Quase bati o carro no portão da garagem que não abria. Um daqueles dias em que tudo demora, o mundo se atrasa.
Ganhei flores. Orquídea branca para espantar o Inferno Astral. Olho pra ela e a vida parece mais bonita. 
Falta um dia. Pouco menos de 24 horas e um ano inteiro se fecha e outro se abre. De novo. Pela trigésima quinta vez. 
Nada novo. O de sempre sorri cheio de esperança, e eu só quero dormir. Nunca os sonhos me pareceram tão reais e a realidade tão turva. Sabia que esse ano não seria fácil, já começou contrariando. 
Talvez eu devesse ler um autoajuda. Preguiça. Gente pseudo-feliz falando pra gente pseudo-perdida sobre uma pseuda-forma de virar o jogo. Balela. O jogo nunca vira. 
Ele é o que é. Um dia ganha, outro perde. Na verdade, mais perde do que ganha, mas tem a beleza de coisas simples no meio, como uma chuva fina, um por do sol, um gato ronronando no seu pé ou o filho chamando seu nome. Esse ultimo tem me sustentado. 
Há anos não tirava cartas, então fui ver o que dava. Estou sempre vendo o que vai dar. Leão com ascendente aquário.