Epílogo


Talvez fosse melhor ficar quieta. Deixar pra lá, como dizem.
Talvez a gente deva mesmo esconder o que pensa pra não entrar em atrito, ainda mais quando o que se pensa é tão diferente da maioria. Talvez evitar a discussão seja mais sábio. 
35 anos respondendo não consigo para todas essas frases. 35 anos pagando o preço. E não me arrependo. 
"Se o que eu sou é também o que escolhi ser, aceito a condição." 
E eu talvez esteja apenas falando sobre escolhas, sobre não estar em cima do muro, sobre achar melhor mostrar o que tem por dentro sem medo do que vão dizer. Não é fácil, mas vale a pena. 
Acumulei perdas. Ganhei também. Ganhei personalidade. Aquele ponto que te torna diferente do resto do mundo - sua capacidade de pensar e agir como uma pessoa unica, sem seguir regras de "como ter um milhão de amigos". 
Não deixo pra lá. Não ouço quieta o que não concordo sem dizer um "penso diferente" emendado com a minha visão. Não quero mudar os outros, só não quero me mudar. 
Defendo o que acredito, luto pelo que sou, e acho mais digno do que assistir passivamente sua personalidade escorrer pelo ralo toda vez que cala sua voz. Não calo a minha, e quem não quiser ouvir, que saia de perto.